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Quem foi o Criador do poema

Não vou por aí?

José Régio é o pseudônimo de José Maria dos Reis Pereira, escritor português nascido em Vila do Conde (distrito do Porto) a 17 de Setembro de 1901 e falecido na mesma localidade em 22 de Dezembro de 1969.

Cultivou diferentes gêneros literários, como a poesia, o teatro, a novela, o conto, a crônica, além de se notabilizar como ensaísta e crítico literário. Foi o editor e diretor da Revista Presença, marco do modernismo em Portugal.

O poema “Cântico negro”, que inspirou o nome de nosso programa, foi publicado em 1925 na obra “Poemas de Deus e do Diabo”, livro de estreia de José Régio.

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CÂNTIGO NEGRO de José Régio por Aldo Bastos
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Daniela Costa - Cântico Negro (José Régio)
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Daniela Costa - Cântico Negro (José Régio)

Excerto da peça "Os Loucos" da Escola Dramática e Musical de Milheirós . "Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidade! Não acompanhar ninguém. - Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre à minha mãe Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: "vem por aqui!"? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí... Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada. Como, pois sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos... Ide! Tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátria, tendes tectos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... Eu tenho a minha Loucura ! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios... Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém. Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo. Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou - Sei que não vou por aí!

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